O mundo jurídico, entendam, os Advogados, Escritórios, Ministério Público e o Judiciário assistem às mudanças tecnológicas e reagem de modos diversos.
Alguns poucos embarcam rápido na busca do diferencial, outros imaginam, curiosos e autoconfiantes, onde isso vai dar e a maioria nem sequer reconhece a transformação que está a caminho.
Comparando ao mundo biológico, vejo pulgas, elefantes e sapos.
Os sapos, todos sabem, não reagem quando na panela a água esquenta até liquidá-los. Os elefantes, provavelmente, se acham tão grandes e fortes que inabaláveis. As pulgas, estas saltam tão rápido e tão longe, comparando ao seu diminuto tamanho, que é bom que saltem na direção certa, pois talvez não haja outra chance.
A Suíça recentemente levantou a bandeira contra a disrupção na empregabilidade via robotização.
Um bem redigido texto de Richard Baldwin (Graduate Institute) prevê uma onda de reações quando em até 5 anos 10% dos empregos atuais sejam banidos, sem reposição. Ou seja, automatizados, no que ele profetiza como “political huricane!”.
Por outro lado a OCDE- Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico, organização internacional, composta por 34 países e com sede em Paris, apurou que 9% dos empregos podem ser automatizados por 21 de seus Membros (não incluindo a Suíça) nos próximos anos.
E ainda, defensores da disrupção acreditam que a automatização das tarefas vai gerar novos empregos, ainda não existentes, compensando os eliminados.
E nós atores do MUNDO JURÍDICO ? O que temos a ver com isso?
Que desafios nos imporão os ALGORÍTIMOS, grandes “alunos e professores”, ensinam e aprendem desafiando o tempo. Décimos de segundos e milhares de operações podem ser processadas, entendidas, analisadas, aprendidas e ensinadas.
Onde nos levará a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?
A tecnologia que antes ocupava espaços e substituía empregos nas áreas de trabalho brutas e repetitivas, avança há algum tempo para trabalhos delicados e cada vez mais complexos, de tomadores de decisão, médicos, cientistas, advogados ……
A mudança do chão de fábrica, dos robôs soldadores e montadores da indústria automobilística, das máquinas de usinagem com controle numérico – sem operadores, das colheitadeiras mecanizadas que robotizaram os canaviais, em uma década invadiu as áreas de pesquisas desde fármacos, engenharia, medicina, hospitalar, laboratorial, jurídica, nanotecnologia, robótica, aeronáutica, aeroespacial, e um longo etc.
Quase nada fica fora da lista dos impactos da Tecnologia, quer ver?
Incluídos estão também Turismo, Ensino, Gastronomia, Montanhismo, Ciclismo, Fotografia…
Se antes impactava apenas o que era mecanizável – trabalho físico.
Depois impactou o que era analítico e repetitivo – trabalho intelectual.
Adentramos cada vez mais no campo do sentir/intuição – reações emocionais e aprendizado
ALGORÍTIMOS estão por toda parte ajudando a humanidade a ser mais eficaz, mais rápida, mais precisa. Não devemos temê-los, assim como ao avião e à energia nuclear. Nossa atenção deve dirigir-se a “quem e como” irá operá-los. Para isso sistemas políticos responsáveis, com bom arcabouço de compliance e estrito monitoramento é fundamental. Ou teremos outra arma de destruição em mãos. Esse será um outro artigo…
Voltando!
Na área médica Algorítimos já conseguem diagnosticar, fazer consultas e prescrever exames e medicamentos. Em muitos casos performar cirurgias delicadíssimas.
Na área jurídica é sabido fazem iniciais, prospectam teses e jurisprudência entre outras coisas. Também possibilitam o processamento de grandes massas de informações dos Tribunais, numa dimensão não inteligível pelo cérebro humano, transformando-as através da Jurimetria em relatórios de inteligência que direcionam decisões mais apropriadas, estabelecendo lógicas e relações causa e efeito surpreendentes e úteis. Desta forma permitindo reduzir a Judicialização combatendo sua fonte na origem, o motivo do conflito.
Eliminado, na origem, o conflito, desaparece o contraditório e por consequência o contencioso.
Produtos e Serviços podem ser modificados para eliminar as reclamações e descontentamentos. Cláusulas contratuais, peças de propaganda, manuais de produtos podem ser ajustados para não prometer o que não se entregará.
Conciliação, Mediação e Arbitragem podem focar nas melhores práticas de soluções consensuais, agrupando demandas, reestruturando propostas, na busca do caminho da pacificação do conflito.
Achar que a DISRUPÇÃO é um fenômeno moderno é um erro.
Toda esta bela discussão, imagino, tenha ocorrido quando o VAPOR alavancou a Revolução Industrial e em outras tantas disrupções que tivemos na Economia e na vida do Planeta.
Prós e Contras, democraticamente disputarão a posse da RAZÃO, em mais um dos casos em que, certamente, o FUTURO será o JUIZ. Excelente oportunidade para HOLLYWOOD explorar em seus filmes de ficção.
Por enquanto convido-os à leitura de BRAVE NEW WORLD (Admirável mundo novo) de Aldoux Husley e 1984 de George Orwell, just in case.
Enquanto isso, é bom tomarmos, cuidadosamente, uma decisão: A que grupo nos alinharemos, PULGAS, ELEFANTES ou SAPOS?
Rogério Goes
Gestor da Legal Leads